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Em testes

O uso de animais em testes

“A pergunta não é ‘Eles podem pensar?’ nem ‘Eles podem falar?’ A pergunta é: ‘Eles podem sofrer?’
Jeremy Bentham, filósofo

Com base na ultrapassada hipótese de que os animais respondem do mesmo modo que seres humanos quando expostos às mesmas substâncias, milhões de animais são utilizados, todos os anos, em testes de produtos e medicamentos para consumo humano. Produtos finalizados e seus ingredientes, separadamente, são testados em cães, ratos, camundongos, hamsters, coelhos, porquinhos da Índia, porcos, e diversas outras espécies de animais. Do mesmo modo, novos medicamentos para humanos são testados primeiramente em animais, para averiguação de sua eficácia e possíveis efeitos tóxicos. Se os animais não morrerem em conseqüência dos testes, serão mortos e terão seus órgãos analisados.
Esses testes são realizados dentro de laboratórios dos próprios fabricantes, em universidades contratadas ou em laboratórios terceirizados. Os animais podem ser oriundos de criadores especializados ou podem ser criados dentro dos laboratórios, em lugares chamados biotérios. Um animal pode nascer, viver e morrer dentro de um mesmo laboratório, muitas vezes dentro de uma mesma sala onde outros experimentos estão acontecendo. São tratados como meros objetos de estudo, e comumente os pesquisadores referem-se a eles como “material”, “produtos” ou mesmo “modelos”.


Foto BUAV

Testes de Medicamentos
Os medicamentos são submetidos a diversos tipos de testes com animais, entre eles:
-Testes metabólicos, que visam analisar como a droga é absorvida, metabolizada e excretada pelo corpo quando introduzida por via oral, intravenosa ou intramuscular ou intra-peritonal.
-Testes de toxicidade aguda, sub-aguda ou crônica, normalmente realizados em duas espécies de mamíferos (normalmente roedores e cães).
-Estudos de eficácia, que testam se as drogas experimentais funcionam. Os animais são induzidos a contrair determinada doença para serem usados como modelos. A droga é administrada e os cientistas determinam seu efeito e a possível dosagem para humanos.
-Outros testes incluem testes de reprodução, toxicidade embriônica, potencial de carcinogenicidade.
No Brasil, estudos em animais são exigidos por lei até mesmo para os medicamentos fitoterápicos.

Testes de Produtos
Os animais são cruelmente submetidos a diversos tipos de testes para avaliação da toxicidade de praticamente todas as substâncias para consumo humano: produtos de limpeza, substâncias químicas, pesticidas, herbicidas, fertilizantes, cosméticos, aditivos alimentares (corantes, aromatizantes, conservantes, etc), equipamentos médicos, produtos que emitem radiação (celulares, fornos de micro-ondas, etc.)
Nestes testes, que são normalmente conduzidos sem a administração de qualquer tipo de anestésico (que pode interferir nos resultados…), os animais são forçados a ingerir ou inalar substâncias, sua pele é raspada para que os produtos sejam aplicados sobre ela, ou mesmo colocados em seus olhos. Os produtos também podem ser administrados através de injeção intravenosa, intramuscular ou subcutânea. Para esses testes, os animais têm, obrigatoriamente que ser contidos, pois os procedimentos são dolorosos e invasivos. Isso significa trancá-los em câmaras de inalação, forçá-los a usar máscaras, introduzir substâncias através de um tubo no nariz que leva diretamente ao estômago. A substância pode ser administrada de uma só vez, durante muitos meses, ou até durar toda a vida do animal.
Os testes são diversos: irritabilidade cutânea e ocular, toxicidade, mutagenicidade (mutação genética), carcinogenicidade (efeitos cancerígenos), teratogenicidade (efeitos sobre os fetos), problemas reprodutivos, fototoxicidade (toxicidade provocada por raios ultravioleta).
Os efeitos sobre os animais são: vômitos, diarréia, tonturas, tremores, letargia, perda de apetite, convulsões, paralisia, hemorragia e morte.


O Beagle é a raça mais utilizada para a vivissecção pois tem temperamento dócil e seu tamanho permite manipulação fácil. Estes Beagles estão sendo forçados a inalar substância em teste realizado por um laboratório terceirizado. Este procedimento será repetido durante vários meses. Mesmo que eles sobrevivam até o final do experimento, serão mortos e seus órgãos serão analisados para verificação dos efeitos causados pela substância inalada. Dezenas de milhares de cães são mortos todos os anos em testes absoletos e cruéis, realizados sem nenhum tipo de anestesia. Isso é a experimentação animal, ou vivissecção.
foto: Animal Defender

 

A experimentação animal fornece resultados seguros?

A experimentação animal não é confiável porque ela nos revela fatos sobre os animais, e não sobre seres humanos. Por exemplo: a aspirina causa defeitos em fetos de ratos e camundongos, mas não de seres humanos; a penicilina, que salva vidas humanas, é venenosa para porquinhos da Índia. Além disso, os resultados colhidos diferem de modo assustador, mesmo entre espécies próximas, o que dirá entre esses animais e seres humanos?

Resultados do teste DL-50 (que determina a dosagem necessária para matar 50% dos animais em teste) de dioxina em vários animais:
* Ratazana – 45 microgramas/quilo
* Rato – 22 microgramas/quilo
* Porquinho da Índia – 1 micrograma/quilo
* Hamster – 5000 microgramas/quilo

Um alto executivo da empresa farmacêutica GlaxoSmithKline declarou, recentemente, que 90% dos medicamentos só dão resultado em 30 a 50 % da população. E essas drogas foram consideradas seguras e eficazes nos testes com animais.
Alguns testes são pensados de modo a tornar os resultados claramente dúbios, muito antes de o teste ser realizado, como os testes de toxicidade, onde os animais são forçados a ingerir volumes irreais, incrivelmente altos, de uma substância. Por exemplo, em um teste de toxicidade de certo branqueador dental, ratos receberam uma dose 5.900 vezes mais alta do que a dose de consumo humana de peróxido de hidrogênio. Os ratos tiveram dificuldades de respirar, não conseguiam virar-se quando colocados deitados de costas, seus olhos ficaram parcialmente fechados, foi constatada urina em seu sangue, e incontinência. Três dos 22 animais morreram em 48 horas, de hemorragia gástrica.

Os animais são selecionados com base na conveniência e no custo, e são, em sua maioria, ratos e camundongos, ficando o que os pesquisadores chamam de “semelhança com os humanos” em segundo plano. Os resultados gerados pelos experimentos em animais são primários e não confiáveis. Eles não fornecem nenhuma garantia que um produto será seguro ou eficaz para seres humanos
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Os experimentos em animais são cruéis?

A quase totalidade dos experimentos envolve dor, sofrimento, aflição ou dano permanente. A maioria deles é realizada sem o emprego de anestesia. Os animais utilizados acabam morrendo, seja como resultado do experimento ou serão deliberadamente mortos e seus cadáveres examinados.
Além de passar por procedimentos dolorosos, os animais também sofrem com as condições artificiais em que vivem nos laboratórios, onde raramente entra a luz do sol, com a falta de espaço, com o confinamento, e com a falta de contato e estímulos. Tudo isso faz com que sintam stress, medo, tédio, depressão e tensão psicológica. Todos esses fatores juntos podem causar um sofrimento que mal conseguimos imaginar.